Sabemos todos as doses de ansiedade que se leva para dentro de água. Vestimos o fato rapidamente, remamos apressadamente para o outside e não descansamos até apanharmos a primeira onda.Mas uma coisa é o que levamos quando vamos surfar, outra, diferente, é o que trazemos quando saímos da água. Quando existe a experiência do Surf termina ou fica suspensa até á próxima surfada. Alguns de nós sonham acordados com as ondas; outros , prolongam o prazer folheando revistas de surf ou consumindo repetidamente filmes, há ainda , os que continuam a surfada em rodas de amigos, contando historias invariavelmente exageradas. Mas todos, independentemente da forma como vivemos o depois do surf ( que é também o antes da próxima surfada), partilhamos uma experiência física: O sal que trazemos connosco. Sal que transportamos do seu lugar, O Mar, para a terra.
É o esse o sentido último da metáfora "Sal da Terra" a busca de uma vida purificada e revigorada, a procura da plenitude. É também essa ambição e parte da experiência de quem faz surf . Também nós surfistas sabemos a importância do sal. Trata-se, primeiro que tudo, de um elemento constituinte e fundamental no surf, ou seja são as propriedades físicas do sal que, tornam os corpos mais leves, ajudam a prancha a deslisar, diminuindo a resistência ao movimento dos rail's, permitindo que as quilhas se soltem, acompanhando-nos.
Depois é a parte táctil da memória que trazemos da nossa actividade. Quando saímos da água, quando as ondas que apanhámos já se confundem em memorias simultaneamente mais ténues e mais distantes da realidade, o sal no corpo é o que faz perdurar a experiência, mantendo-a acesa no regresso à terra.
Quem faz surf sabe bem a experiência das ondas não fica no mar transforma-se, vai para a terra e contamina a vida quotidiana. Ao fazê-lo acrescenta uma nova energia, revigorada a tudo o resto e deita um novo olhar sobre as coisas terrestres.Além de que, a ideia de plenitude e felicidade, confundam-se com o prazer de deslizar nas ondas. Surfista sem sal na pele e sem poder apanhar ondas transforma-se num ser desorientado, meio perdido.
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